Propedêutico

31.3.10 | comentários: 3

O Papel Pautado de hoje tem duas perguntas bem simples para você. Pronto para elas? Lá vai:
1. Você gosta de ler?
Talvez, a intenção dessa pergunta seja a seguinte: “o que faz com que você queira ler algo?”. Levando em conta que você está na internet, um ambiente que (ainda) é muito escrito, assumo que você lê sem problemas. Mas ninguém é tão compulsivo por leitura a ponto de ler qualquer coisa que caia diante dos olhos (desconfie de qualquer pessoa que diga ser tão viciada em leitura que lê até bula de remédio). Eu, por exemplo, gosto de ler. O que faz com que eu queira ler algo é, normalmente, o formato. Sou fã de contos, histórias curtas, recortes da vida dos personagens que não precisam fazer tanto sentido com outras ações deles, já que você não os conhece. Mas quem se importa comigo, não é mesmo? Queremos saber de você. Essa é fácil de responder, não?

2. Você gosta de escrever?
E aí, mais uma vez, uma pergunta dentro da pergunta: “o que faz com que você queira escrever algo?”. Mais uma vez, vou responder à pergunta, para exemplificar. Diversas coisas me fazem querer escrever. Hoje estou escrevendo porque tive um sonho interessante. Uma igreja perdida e muito bonita, um padre estranho, uma santa que morreu por não entender o que lhe estavam perguntando e, acreditem, uma imagem de Chico Bento na parede (acho que isso é uma consequência das leituras frequentes do http://porramauricio.tumblr.com/). Acordei pouco depois disso e tive certeza que deveria escrever essa história. O sonho foi tão marcante, que sonhei com ele de novo. Dessa vez era um tipo de ruína de algum lugar. E eu sabia que era a tal igreja bonita com a imagem da Santa Maria Políka (é... esse é o nome da santa. E não é tudo que tenho a dizer sobre ela). E é isso. Um sonho me fez querer escrever. Que coisa mais Martin Luther King, né? Eu tive um sonho... e escrevi! Não sei no caso dele, mas no meu foi um sonho, literalmente falando! Mas uma infinidade de outras coisas pode fazer alguém querer escrever. Uma flor, uma topada, um romance, um fora, um jogo de futebol, uma discussão na faculdade, uma música (ou algo que lhe faça querer escrever uma). E por aí, mais um milhão de razões. Todas tão boas quanto quaisquer outras. Isso sem falar nas formas de escrever: uma mesma topada pode dar origem a um conto, uma crônica, um romance, um manifesto... nada me garante que Drummond não topou na pedra do meio do caminho.

E tudo isso por quê? Porque, no fim das contas, você vem aqui pra ler. E eu, como bom anfitrião que sou, julguei de bom tom perguntar. Por aqui teremos contos, na maioria das vezes. Poemas, por que não? E, melhor ainda, o que você mesmo escrever. Que tal escrevermos uma história a várias mãos? Uma daquelas que nunca acaba...


P.S.1: Propedêutico = que serve de introdução. Mas, vamos combinar, é muito mais chique que escrever um mero 'introdução'.
P.S.2: Que minha mãe não me leia. E que não chore se me ler... mas é tão estranho sonhar com igrejas levando em conta o tempo que faz que não entro em uma delas. Vai ver é um sinal de d'us pra eu não virar judeu.
P.S.3: Atenção, revisores: "d'us" está escrito assim de propósito... sabe como é... a maior vantagem de virar judeu é fazer piada com e para judeus.
P.S.4: Não. Eu não sou judeu.
P.S.5: Apesar de fazer piadas com judeus ser vantajoso, existe uma certa cerimônia judaica chamada "brit", na qual o homem é circuncidado. Daí o "eu não sou judeu".
P.S.6: Não peça tantas opiniões sobre o seu texto. Ele pode nunca terminar de ser escrito.