Quem ouviu o podcast sobre o finale de Lost e achou que ainda faltava falar sobre o que foi bom no episódio e na série, pelo menos eu achei (o tempo não nos permitiu ficar mais tempo discutindo), resolvi escrever esse texto sobre o que a série representou para mim.
Muitas coisas precisam ser ditas, mas espero ser sucinta...
Seis anos se passaram, diversas teorias foram elaboradas e, finalmente, Lost chegou ao fim. Como conseguir passar as próximas semanas sem o gostinho da espera pelo próximo episódio? Como viver a partir de agora sabendo que todos aqueles personagens que amamos se foram?
Lost terminou da mesma forma que começou. Ficamos com várias perguntas sem respostas, mas quem se importa com isso?! As principais foram respondidas e os produtores nos permitiram imaginar, sonhar e criar a nossa própria história. Outros passaram por ali, outros irão passar. A Ilha continua existindo, mas os personagens que nos apegamos durante esses anos, não.
É claro que algumas respostas podem não ter agradado, outras podem ter sido insuficientes. Mas se nem os maiores cientistas que passaram pela trama, conseguiram explicar os mistérios da Ilha, porque isso seria entregue a nós de mão beijada? Sou fã de histórias que deixam opções ao chegar ao fim e foi o que aconteceu com Lost.
Não foi necessário sabermos exatamente o que é a Ilha, nem o que aconteceu durante o “mandato” de Hurley e Ben como protetores dela. Os roteiristas souberam fazer um final que permite que cada um de nós imagine como seria essa história, crie a importância daquele lugar. Depende de nós. E isso foi genial.
Quem esperava um final científico não prestou muita atenção à série, não é mesmo? Desde os primeiros momentos o misticismo estava ali presente. Era o debate sobre destino, sobre o incompreensível, sobre o bem e o mal fazendo a história se movimentar. Os idealizadores de Lost nos mostraram que não existem pessoas totalmente boas ou totalmente más. Todos somos sujeitos a esses dois sentimentos em nossas vidas. Jacob é a prova disso.
Se não fosse por um momento de fúria que o fez matar o próprio irmão, nada daquilo teria acontecido. Achávamos que ele era um tipo de deus, mas na verdade era alguém que errou e estava lutando para reparar as consequências de seus atos. Alguém como nós, imperfeito. E essa era a grandeza do personagem. Os meios que ele utilizou para fazer isso podem não ser considerados os melhores. Muita gente morreu por causa disso, mas ele estava determinado a sacrificar alguns pelo bem da Ilha e do mundo, de algo maior.
No final das contas, como deu para perceber, a história que mais importava era a de cada personagem. Como não amar uma série que cuidou tão bem desses seres humanos que aprendemos a amar e odiar? Não consigo lembrar NENHUM momento em que os personagens foram incoerentes, em que o roteiro mudou a personalidade dos mesmos sem uma explicação plausível.
Se os personagens não eram o foco de atenção da maioria dos fãs, o final da série deve ter frustado. Mas se a trama principal para você eram todos os sobreviventes do Oceanic 815, então você, assim como eu, deve ter passado por uma experiência muito boa. Rever os episódios agora não parece uma tarefa ingrata, mas algo prazeroso, pois relembraremos de como todos os personagens conseguiram mudar depois de tanto tempo presos a uma ilha.
Foi incrível acompanhar a jornada de cada um e ver como eles mudaram. Inclusive o Ben que me deixou tensa até o último minuto, conseguiu encontrar o seu caminho (Eu ainda achava que ele iria aprontar com o Hurley, o que não aconteceu e esta foi a surpresa que não me agradou muito).
Boa parte dos fãs da série odeiam o Jack. Sinceramente, eu sempre botei fé nele e só não o acho mais interessante do que o Locke e o Ben. Mas, para mim, foi extremamente agradável acompanhar sua jornada. Do senhor da razão chegamos a uma pessoa que sacrificou tudo o que lhe restava por uma ilha, por seus amigos. Quem nunca se irritou com o ceticismo dele? Ele quis voltar a Ilha para quê? Porém, o processo em que ele se entrega à Ilha e passa a aceitar o seu destino, foi inesquecível.
O Locke (real e fumacinha) também é incrível. O homem que mais acreditava em tudo que foi colocado para ele, que seguiu o seu destino acabou sendo assassinado e dando lugar a um personagem que só queria sair daquela Ilha, ou melhor, destruir tudo aquilo que o transformou em um “monstro”.
Não tem como falar de todos os personagens aqui. Mas cada um contribuiu para que eu pudesse sentir o mundo sob uma perspectiva diferente. Lembro que ainda no domingo reclamei da caverna mágica, dos motivos que o Jacob explicou para levá-los até a Ilha. Hoje tudo faz mais sentido e não me parece relevante ficar quebrando a cabeça por causa disso.
Notaram a maestria neste episódio nas referências feitas a toda a série? Ou vão me dizer que a cena na caverna não lembrou uma certa escotilha? Esse tipo de joguinho durante o episódio foi interessante, pois o mesmo estava acontecendo com os personagens do flashsidway. A forma como eles foram amarrando e relacionando tudo foi incrível.
Houveram vários furos no roteiro, é bem claro. Além de cenas que poderiam simplesmente não ter acontecido. Exemplos? Jack que demorou uma eternidade para morrer, mesmo com um ferimento daqueles.
Outra coisa que poderia ter sido feita de forma menos brega e novela espírita da Globo é o lance dos toques que faziam todos se lembrarem o que eles estavam fazendo ali. Achei muito tosco, um simples toque ficou feio e não digno da série. Sem contar é claro com a cena final de todos se abraçando e indo para o paraíso. Muito brega! A única parte boa foi a conversa entre Jack e o pai, quando ele descobre que morreu. Confesso que chorei.
É claro também que esperava um episódio que me deixasse tão estupefata quanto o “We have to go back”, mas, apesar de não ter sido assim, foi um final perfeito para uma das melhores séries feitas em todos os tempos. (Ela só perde para Battlestar Galáctica).
Lost ficará na minha vida como a série que conseguiu prender a atenção de milhões de pessoas por seis anos, revolucionou a TV, os telespectadores, mas não só isso. Fez com que todas essas pessoas usassem a imaginação para elaborar teorias sobre o que estava acontecendo ali, o que era tudo aquilo. Se envolvesse com a história de uma maneira nunca antes vista. Isso é um ponto memorável.
O melhor de tudo é saber que eles não nos enganaram. Foram consistentes, criaram uma série inesquecível, e, o mais importante, foram fiéis à história de todos os sobreviventes da Oceanic 815, mostrando de forma magnífica a jornada de seres humanos comuns e que tinham que chegar a um fim, a morte de cada um.
Escrito Por Myrianna Coeli
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