data é 24 de junho de 1990, a seleção era a do Lazaroni, mas foi ali que começou a primeira das três “Era Dunga”.
O treinador brasileiro não deve estar se sentindo desconfortável no momento. Em 1990 foi um dos apontados para carregar uma cruz que não era dele, por 4 anos precisou ouvir em tom de chacota, sobre a “Era Dunga”.
Para falar sobre a seleção de 90, precisamos falar da Copa de 90, a Copa com menor média de gols da história, uma Copa feia, onde poucas coisas se salvaram. Roger Milla e sua seleção de Camarões, Higuita e sua saída bizarra do gol, que acabou tirando a Colômbia do torneio. Maradona e sua convocação à torcida Napolitana para a semi-final contra a Itália, gerando uma frase célebre do Deus do futebol: “Venham torcer pela Argentina, os italianos precisam de vocês agora, agora que o jogo é em Nápoles, depois vocês voltarão a ser chamados de africanos”, numa referência ao preconceito que o povo do Sul sofre na Itália. Enfim, o apelo não funcionou e os Napolitanos ainda vaiaram o hino argentino, numa total ingenuidade, pareciam se esquecer que com aquele homem não se brincava. Era melhor enfrentar o Deus quando o mesmo estivesse calmo, para que ele pudesse ter alguma compaixão.
Voltando ao tema principal desse artigo, temos um acontecimento marcante pós-Copa, a famosa Era Dunga. A Era Dunga era uma forma jocosa que os jornalistas encontraram para debochar da seleção pífia do Lazaroni. Dunga talvez fosse o retrato do anti-futebol brasileiro, a falta de malemolência e malandragem não agradava a ninguém. Era a nossa seleção, ele era trabalhador. Brasileiro tem que ser, acima de tudo, um malandro, uma pessoa que leva vantagem sobre outra em qualquer circustância. Curiosamente, anos depois, Maradona fala sobre a água batizada e BAM, nós brasileiros tomamos uma volta de um bando de argentinos.
4 anos se passaram e por uma obra do destino, Dunga vira o capitão da nossa seleção. Essa sim uma seleção de dar calo nos olhos. Feia e pragmática como o velho Parreira. Rodava a bola de uma forma que o apelido do Zinho poderia facilmente ser dado ao time inteiro. Teríamos a Laranja Mecânica, a Dinamáquina e a Enceradeira Verde e Amarela. Dunga foi perfeito na Copa, o retrato do que foi a seleção, que tinha na dupla de ataque algum resquício de criatividade. Romário empurrava pras redes e isso aliado à aplicação tática foi suficiente. Nascia ali a nova “Era Dunga”, o trabalho magistral de um grupo de homens determinados a ganhar e recolocar o Brasil no cenário mundial, fazendo nossa história de seleção mais vencedora de todos os tempos. O brilhantismo ou a falta dele foi esquecido, o importante era ganhar depois de 24 anos “É tetra, é tetra”.
16 anos depois e Dunga volta à berlinda. A imprensa, em geral, tem sido muito cruel com o nosso treinador, ele caiu ali como um tapa-buraco e de forma genial, fez o que nenhum treinador fazia há muito tempo: montou uma base, decidiu que ia formar um grupo, cujo objetivo seria a Copa de 2010, não importava se diziam que ele sairia depois das Olimpíadas. Dunga ganhou Copa América, Copa das Confederações, bateu o Uruguai no Uruguai e a Argentina na Argentina. Apesar dos empates contra Equador e Bolívia, nos deixou na primeira colocação.
Dunga está mais do que calejado, e como se precisasse de mais exemplos, 2006 cai como uma luva pra essa situação. A seleção ultra-ofensiva do Parreira, aclamada antes do desastre contra a França. Na volta foi taxado de irresponsável, de fazer vista grossa e não ter pulso firme. Se não tivesse levado Adriano e Ronaldo, formando uma seleção mais equilibrada, leríamos sobre a absurda decisão de deixar os craques no Brasil. Considerando que perderíamos para a França de qualquer forma.
O futuro de Dunga está entregue ao resultado. A terceira edição da “Era Dunga” chegará ao final com a Copa. Se ganhar, será o grupo trabalhador, honesto, coerente, de um treinador que peitou todos, para dar uma enorme alegria ao nosso povo e blá blá blá. Se perder, aí coitado dele, terá a cabeça colocada a prêmio, ficará na história por não ter levado o firuleiro Neymar e o craque do Paulista, Ganso.
O que importa é ganhar. Dunga, com sua inteligência de brucutu, sabe muito bem disso. Por isso apostou na mesma forma de trabalho, que vem realizando desde o início do seu projeto, vencedor, diga-se de passagem. Ninguém se importa como for, na hora do título, até os mais românticos vão vibrar. E vão ter que pensar num outro título para seus artigos, diferente de “O homem que matou o futebol arte”.
Escrito pelo colaborador Eduardo Cabral
comentários: 1
Confio muito no trabalho do DUNGA. Sinto que diferentemente da seleção de 2006. temos uma seleção feita atraves de uma base solida, onde houve muitos testes e analises e não feita de "oba-oba" como a seleção de 2006 e alem do mais, tudo bem que o futebol tem suas surpresas e contra-tempos mas no geral é feito de numeros e resultados, e isso essa seleção nesse ciclo de 4 anos vem enchendo os olhos.
E pra finalizar, temos que dar os parabéns ao preparo físico dessa seleção, diferentemente da seleçõ de 2006 (seleção dos gordinhos), sinto mais firmeza física nessa equipe. isso nos dar uma segurança maior. principalmente na nossa zaga, que precisa de um pulmão de aço. E vamos que vamos, este ano sinto boas esperanças!!!
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