[Papel Pautado] O Velho Uno está mesmo com os dias contados?

10.5.10 | comentários: 0

Desde que soube que a Fiat iria lançar um novo modelo revolucionário para o Uno eu e o meu Mini Troller, como é conhecido o meu Uno antigo por meus amigos, ficamos preocupados. Eu por pensar que o meu carro ia ficar mais desvalorizado ainda e por não ter dinheiro pra trocar de carro ficaria no prejuízo. Ele por achar que iria ser jogado fora sem dó e nem piedade.

Confesso que eu queria muito trocar de carro quando vi as fotos do Uno Way 1.4, mas ao pensar nisso comecei a lembrar os ótimos momentos que vivi com o modelo antigo durante toda a minha vida.

Lembrei que esse foi o primeiro modelo de carro comprado pela minha família. Era o Velho Uno que me levava pelas loucas ruas de Salvador (morei lá por três anos e não, não danço axé, se é o que você queria saber. Nem todo mundo dança axé em Salvador, oras!) até a minha Escolinha Parque da Criança. Além disso, ele nos levava para a Ilha de Itaparica, quer dizer, até o porto de onde pegávamos o barco até a ilha.

Após algumas trocas de modelos ficamos sem carro durante um tempo aqui em casa. Mas, no início desta década, meu pai compra novamente um automóvel e, adivinhem o modelo! Um Uno, claro!

Passados alguns anos meu pai resolveu trocar de carro mais uma vez. Mas não se desesperem! O Uninho branco ficou para mim. Foi nele que perdi o medo que tinha de dirigir, foi nele que consegui minha independência total de locomoção, que fiquei no prego pela primeira vez e em plena BR-101 no horário de pico. Altas aventuras e emoções, é o que posso afirmar.

Quando tive o meu primeiro emprego meu pai me convenceu que eu deveria trocar o velho Uno. Fiquei na dúvida entre um Novo Uno (que, claro, não era o Way) e um Celta. O amor pelo carro quadradão foi maior e acabei comprando o que hoje chamo de Mini Troller.

Há quase três anos estou na companhia dele que só me deixou na mão duas vezes. A primeira foi em uma praia quase deserta no Rio Grande do Norte, mas o seguro conseguiu chegar lá e resolveu o problema. A culpa foi totalmente minha e dos meus amigos, deixamos as luzes ligadas e a bateria acabou. A segunda vez foi ontem quando não vi uma cratera que estava cheia de água na rua e parece que o cano de escape soltou. O diagnóstico só segunda-feira. Dessa vez a culpa foi da Prefeitura que não tapa os buracos antes da chuva e eu não tinha como adivinhar a localização exata do tal buraco que engoliu o pneu dianteiro, praticamente. Só pra vocês terem uma noção da profundidade da cratera.

Nesses três anos o meu Velho Uno já foi táxi para amigos e familiares, ambulância para parentes enfermos, carro de transporte de atores e equipe em produções audiovisuais das quais fiz parte nesses anos e, claro, Mini Troller que consegue vencer os milhares de buracos das estradas que levam até a belíssima praia de Zumbi/RN, motivo pelo qual recebeu este apelido carinhoso. Sim, é nele que receberei minha provável primeira multa por excesso de velocidade (o limite era 50km/h e eu estava a 70, não sou tão arrojada assim)

Depois de relembrar como o Velho Uno esteve presente na minha vida desde a infância, decidi que não irei trocá-lo, nem se houvesse dinheiro em minha conta bancária. Prefiro que ele envelheça comigo ou, pelo menos na minha família. Quem sabe eu não o levo para um “pequeno” passeio até São Paulo no final do ano e ele me dá a honra de ser o carro na minha primeira viagem automobilística pelo Brasil?

Quanto à resposta da pergunta do título deste post, eu só digo que por mim o novo Uno irá ganhar novos adeptos, mas pais carinhosos só o Velho Uno pra conquistar.


Escrito por Myrianna Coeli