Palavras que falamos na hora do "apavoramento"

6.6.10 | comentários: 7
Você pode ser o mais calmo dos seres humanos, mas quando se trata de jogos tudo muda. Conheço várias pessoas assim. Uns anjos na vida real. Verdadeiros santos, mas só precisam ouvir o corte do baralho, o barulho do giz desenhando a amarelinha que se transformam na pior versão do pazuzu.

Os sintomas do desespero quando a derrota se aproxima variam de respiração ofegante à veia do pescoço estufada, que saltita mais do que vampiro no filme Crepúsculo. Suas transformações são dignas do Benício Del Toro virando o Lobisomem. Mas tudo começa mesmo com as palavras. Feias palavras. Algumas não significam coisa alguma fora do contexto do jogo; outras, não significam coisa alguma em lugar algum. Relatarei agora as piores situações que presenciei quando participava de jogos, de azar para mim, de sorte para eles: os demônios.


A primeira aconteceu quando eu tinha apenas doze anos. Eu brincava de amarelinha (também conhecida como Cademia) com meus irmãos, André e Tiago, que na época tinham, respectivamente, sete e oito anos. André admitia a derrota sem grandes problemas, contudo, Tiago não parecia entender que eu era a mais velha e, por isso, era normal que eu vencesse com mais freqüência. É chegada a hora da minha última pedrinha ser jogada. Eu estava prestes conquistar o tão sonhado céu (Infame, eu sei). E é nesse momento que ele grita: Haimikinkouuuuuuu!!! e minha pedrinha cai no lugar errado. Quer saber o que é Haimikinkouuu? Eu também. Até hoje não sabemos de onde ele tirou essa palavra. Algum demônio deve ter soprado isso em seu ouvido.

Passou-se muito tempo até eu me deparar com outra situação demoníaca em jogos. Até que jogando Blitz (jogo de cartas) com uns amigos e um deles, Mateus, que nessa época quase nunca perdia, começava a se dar mal em uma partida. João Gabriel, que mal tinha aprendido as regras desse jogo, parecia estar ganhando pela primeira vez. Mas quando a veia de Mateus começa a agir ninguém segura. Ele virou o jogo, ganhou a partida e depois só o que escutamos foi o grito de João Gabriel dizendo: VIADXINHO!!!! Apesar disso ter acontecido em Natal, o que dizem é que em Brasília se pôde ouvir esse grito.

Depois de um tempo, o reinado de Mateus acabou e começou o de Myrianna. Ela que, quase nunca deixava alguém ganhar, obrigou Mateus e eu a formarmos o time do Ipatinga no Blitz. E daí surgiu o grito: Ipatinga’s Pride! Para quando um loser, underdog, azarão, ou como você quiser chamar o perdedor que consegue ganhar o jogo, uma vez que seja.

E para finalizar, temos meus irmãos gêmeos: Jessé e Mariana. Jessé que se acha o rei do mundo, toda vez que termina (e perde, ele sempre perde) uma partida de qualquer coisa, pronuncia as palavras: “eu sou inteligente minha irmã é que é burra”. Mesmo sendo ele o único a perder sempre.

Eu espero que vocês tirem o ódio do coração e parem de se transformar em demônios na hora dos jogos. Perder faz parte, minha gente... Ainda bem que eu nunca choro ou faço escândalos quando perco. Sigam meu exemplo.