Dica de Filme: 'A Aldeia dos Amaldiçoados' (Village of the Damned)

16.7.10 | comentários: 2
Em um ano cheio de grandes obras no cinema mundial, o alemão Wolf Rilla dirigiu uma obra que mescla um pouco do suspense clássico, um enredo nada convencional e as peculiaridades do cinema antigo. Para quem gosta desses ingredientes, A Aldeia dos Amaldiçoados é um prato cheio.

  


Muitas pessoas costumam conferir os filmes antigos, a fim de conhecer as abordagens que eram feitas sem toda a tecnologia, ou até mesmo, sem toda essa exploração comercial feita em cima das produções contemporâneas. O filme que falarei a seguir, é mais uma obra que, mesmo com caráter de ‘filme B’, consegue entreter o espectador, sem ser necessário a utilização de qualquer técnica mais apurada.

No ano de 1960, marcado por grandes obras de diretores consagrados, como: Psicose de Hitchcock, Spartacus de Kubrick, A Doce Vida de Fellini e Acossado de Godard, o diretor alemão Wolf Rilla, conduz um filme que remete o espectador àquela essência presente nos grandes ‘filmes B’ de Roger Corman. Com uma temática nada convencional, a produção A Aldeia dos Amaldiçoados, mesmo passando despercebida naquela época, frente às grandes realizações de outros profissionais, conseguiu fortificar mais ainda aquela frase clássica, que anos depois, seria dita pelo glorioso cineasta brasileiro, Glauber Rocha: "Uma câmera na mão e uma idéia na cabeça!".

Deixando o enredo de lado e analisando os outros pontos técnicos do filme, reparamos que um deles chama mais atenção: o elenco. Por mais que o mesmo seja bem desconhecido, com suas exceções, notamos um trabalho muito eficiente por parte dos atores, não deixando de lado o elenco mirim. É compreensível quando dizem que eles são o grande charme do filme, roubando a cena totalmente, numa temática tipicamente excêntrica desse período do cinema. Uma pequena cidade da Inglaterra vivencia um estranho episódio. Inexplicavelmente, todos caem no sono por horas. Sem entender o que aconteceu, os moradores ignoram esse acontecimento. Meses depois, várias mulheres ficam grávidas misteriosamente, sendo que ambas, dão à luz no mesmo dia. No entanto, aqueles bebês que futuramente se tornariam crianças extremamente inteligentes, guardam um grande segredo.


É com esse plano de fundo, que o diretor alemão nos entrega um bom filme de suspense, que futuramente seria adaptado por um dos grandes nomes do gênero: John Carpenter. Com um roteiro que se desenvolve bem, mesmo com a pequena duração, A Aldeia dos Amaldiçoados possui os grandes traços para preencher as exigências do gênero. Além do tema e das boas atuações, o filme conta com uma boa fotografia nas diversas cenas dentro daquela humilde cidade do interior. Contextualização de ambiente muito bem feita.

E o que proporciona uma intensificação naquela atmosfera densa do filme, é o fato da fotografia supracitada, ser preto e branco. Por fim, reparamos na utilização predominante da música clássica como trilha sonora, que não é um fato extremamente relevante, mas que evidencia mais uma marca no cinema da década. O espectador fica tão fissurado naquele enredo surrealista, que pouco se incomoda com os meros efeitos especiais. Em outras palavras, o filme foi suficiente em todos os quesitos cinematográficos, nos quais serviram de apoio para o desenvolvimento da estória.


Considerado o filme mais interessante da fraca filmografia do alemão, A Aldeia dos Amaldiçoados consegue ser um bom passatempo, principalmente para os amantes dos filmes antigos, além do mais, traços peculiares daquela época, é o que não falta nessa produção. Uma viagem de reminiscências, acompanhada de uma das melhores estórias do gênero. Enquanto os produtores contemporâneos utilizam dos mais diversos efeitos para atrair os espectadores, um filme produzido na década de 60 consegue ser mais interessante e ainda assim, trazer a essência que todos queremos: a do bom e velho cinema.

Por Luccas Cigoli Frangella