Quartas do Escurinho: Brilho eterno de uma mente sem lembranças

11.8.10 | comentários: 2
Se você não gosta de futebol e não sabe o que ver nas quartas à noite, fique ligado na coluna Quartas do Escurinho do Não Eh Um Blog que trará, semanalmente, dicas para vocês curtirem no escurinho de suas casas.
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Quem nunca teve uma desilusão amorosa e desejou simplesmente poder apagar aquela pessoa da memória para sempre? Imagina se existisse uma clínica especializada em “deletar” momentos e/ou pessoas indesejadas do seu cérebro com a mesma facilidade que se apaga arquivos de um computador? Na história de Charlie Kaufman isso é possível.

Brilho eterno de uma mente sem lembranças (Eternal sunshine of the spotless mind), vencedor do Oscar de melhor roteiro original em 2005, traz Jim Carrey (Todo Poderoso, 2003), interpretando o tímido Joel Barish, e Kate Winslet (Titanic, 1997) no papel da excêntrica Clementine Kruczynski.

Joel fica atordoado ao descobrir que sua garota, Clementine, apagou da mente as lembranças de seu tumultuado relacionamento. Desesperado ele contrata o inventor do processo, Dr. Howard Mierzwiak, interpretado por Tom Wilkinson (Batman begins, 2005), para fazer o mesmo tratamento. Mas, quando suas lembranças de Clementine começam a se desfazer, Joel repentinamente descobre o quanto ainda a ama.

Kaufman é conhecido por seus roteiros que levam a teses sobre a expansão do consciente humano. Em Brilho eterno isso não é diferente. Ele leva o telespectador a uma viagem por entre as lembranças do personagem Joel Barish e brinca com a capacitade de distinção do que é realidade propriamente dita e o que é realidade imaginária. Ao lado de Michel Gondry, diretor do filme, eles criam uma atmosfera gélida, intensa, angustiante, mas apaixonante. Locações em rigoroso inverno e uma trilha sonora modesta dão um toque melancólico à trama enquanto Michel brinca com efeitos especiais realizados diante das câmeras - característica marcante desse diretor.

Jim Carrey encara um personagem que foge completamente do seu habitual. Comprovando que “nem só de comédias vive um homem”, neste longa ele sai do “personagem coringa” e mostra uma atuação mais centrada, com um papel de um cara introspectivo e tímido. Já Kate Winslet aparece na trama como uma mulher motivada por impulsos e que deixa sua personalidade conturbada transparecer através de mudanças constantes na cor de seu cabelo. Vários rostos conhecidos aparecem no filme interpretando personagens secundários, como Mark Ruffalo (De repente 30, 2005), Elijah Wood (O senhor dos aneis, 2001) e Kirsten Dunst (Homem-aranha, 2002).

O filme é repleto de “idas ao incomum”, seja no roteiro que foge ao clássico, seja nas atuações inesperadas de atores consagrados ou até mesmo nos diálogos e frases de efeitos que poderiam cair no clichê, mas que ao contrário, funcionam brilhantemente bem no texto de Charlie Kaufman. Vale à pena conferir e se emocionar com “Brilho eterno de uma mente sem lembranças”.

Escrito por Jamaika Lima