Glee 02X03- Grilled Cheesus

7.10.10 | comentários: 2
Quando eu penso que nada pode ser pior do que o episódio da Britney Spears, eis que me aparece Grilled Cheesus. Nesse episódio, Finn, (certamente o pior personagem já criado na história da TV, do cinema, do teatro, da radionovela e do teatro de rua) está preparando algo para comer e queima uma torrada. Nela aparece algo que lembra a imagem que conhecemos de Jesus Cristo. E, depois disso, o que podemos observar é apenas uma sequência de cenas infames.

A temática do episódio é a espiritualidade e quando Glee quer tratar de assuntos sérios, eles, claro, recorrem ao único personagem que pode proporcionar qualquer verossimilhança, o Kurt. O detalhe é que como o próprio personagem diz: “por que eu deveria acreditar em um Deus que me fez gay e, ao mesmo tempo, faz com que seus seguidores me transformem em alvo de piada como se eu tivesse escolhido ser assim. Como se alguém escolhesse ser motivo de piada” (em tradução livre). Em resumo, o menino já tem motivos para não acreditar em Deus. Por que raios o pai dele tem que, repentinamente, voltar a aparecer em um episódio só para sofrer um ataque cardíaco (ou aneurisma, não lembro bem) e ficar em coma? Creio eu que isso é mais uma daquelas manias sem graça do Ryan Murphy de escolher as músicas antes de escrever o roteiro.

Murphy, em sua infância difícil, deve ter escutado a Barbra Streisand cantar a música tema do filme (e musical da Broadway) Yentl (1983) e se emocionado com a voz da moça e ao lembrar, assim do nada mesmo, resolveu incluí-la nesse episódio de Glee. A música é linda. A Lea Michele cantou melhor que a Barbra Streisand, óbvio. E a letra nem a qualifica como a mais deslocada do episódio, mas a cena é assustadora de tão ruim. Enquanto ela cantava Papa Can Your Hear Me toda emocionada, o seu pobre namorado, burro que nem uma porta,(que em uma cena anterior perguntava se a questão com Deus funcionava como “os três desejos para o gênio da lâmpada”), a observava com cara de “pra que câmera devo olhar agora?”.

Quando o Kurt canta I wanna hold your hand talvez seja a parte mais simpática do episódio. As cenas são bonitinhas e ele canta bem, não há como estragar a música. Aliás, há. Mas não foi o caso. Quase todo o texto desse personagem é interessante. É o que o deixa o episódio menos desagradável. Menos desagradável, sim, não posso tecer tantos elogios, porque o que segue é de um desrespeito sem fim.

O Finn, sempre o Finn, percebe que a torrada não é Jesus e o que acontece? Ele perde a fé. Porque realmente... Sabe lá o se passava na mente do Michael Stipe quando ele escreveu a letra de Losing my Religion, mas definitivamente não deve ser algo ridículo no nível “eu descobri que minha torrada não é Jesus”. A ofensa só aumenta quando você observa a música ser destruída pela interpretação do menino. Até quando temos que comprar a ideia de que esse ser humano sabe cantar? Eu juro que a essa altura da série se trocassem o ator por um que soubessem cantar, eu não iria reclamar. Fingiria que nem notei. Podem colocar um negro, que eu JURO que morreria dizendo que é o mesmo Finn do primeiro episódio, mas não deixem mais esse menino cantar as músicas alheias. É só o que eu pediria a Ryan Murphy se o encontrasse na rua.


Meu Troféu Raul Cortez vai para a melhor piada do episódio. Não... Não acontece no episódio, mas nas legendas. Tem um momento que a Sue chama a Santana de “juggles the clown” em referência a um vídeo de um palhaço que tem peito grande e a uma revista pornográfica (não sei dizer quem veio primeiro: a revista ou o vídeo), mas o sagaz tradutor achou que era interessante traduzir Juggles the clown como “Fafá de Belém”. Já o Troféu Suzana Vieira vai para o Ryan Murphy, por ser um babaca que tem tudo para fazer uma série interessante, mas prefere escrever e produzir um lixo.

Fiquem a vontade para me ‘esculhambar’ e semana que vem Emille volta.