Impressões sobre Quincas Berro D'água

10.6.10 | comentários: 0

Fui assistir a Quincas Berro D’água, no último dia 02, com o costumeiro receio de estar perdendo o meu tempo. Sei que parte deste temor é por puro preconceito com relação aos filmes nacionais que dificilmente conseguem ganhar a minha simpatia, seja por explorar demasiadamente o sexo, por ser filme de favela ou, ainda, por ser um programa de tv na tela de cinema.

Porém tenho que confessar que o filme me ganhou. Não por ser uma obra-prima, mas por conseguir me entreter com um bom texto, ótimos atores e excelentes personagens, sem que para isso tivesse que recorrer aos três elementos citados acima (sexo, violência, Daniel Filho na direção).


Inspirado na obra “A Morte e a morte de Quincas Berro D’água” de Jorge Amado, conta o percurso que o defunto Quincas passa até finalmente ter a paz eterna, digamos assim. Morre no dia de seu aniversário, mas no velório, seus fiéis companheiros de cachaça tratam de sequestrar o seu corpo e levá-lo a todos os lugares da vida boêmia em Salvador.


Com exceção das piadas feitas sobre flatulência em uma parte do filme, as demais são engraçadas. Não ao ponto de você gargalhar, mas de se divertir com aquelas situações inusitadas.

Uns aspectos que me surpreenderam negativamente foram umas falhinhas nas interpretações de Marieta Severo e Mariana Ximenes. Coisa muito pouca, mas que ficou perceptível. A primeira, interpretava uma espanhola e, de vez em quando, tropeçava no sotaque. A segunda, forçou um pouco a dramaticidade na cena em que o corpo do seu pai é levado em uma embarcação. Tirando esses dois momentos, não tenho o que reclamar dos atores. Foram todos excepcionais, em especial, o Paulo José, que mesmo interpretando um cadáver, deu show.

No mais, é uma história interessante de acompanhar, acredito que, principalmente pelo fato de que ótimos atores interpretam personagens cativantes. Para mim, são eles que merecem toda a atenção de quem for assistir a Quincas Berro D’água. Sabe aquela história de samba do crioulo doido? Pois bem, a mistura de personagens vai bem por essa linha. E isso é algo positivo, devo deixar claro.
 

Além disso, quero destacar mais três coisinhas: a trilha sonora é muito boa, sem destoar do restante do filme e da história; os cenários de Salvador antigo são lindos, contribuindo para uma fotografia interessante do filme; e, os efeitos especiais. Se você, assim como eu, duvidava da possibilidade de termos efeitos especiais de qualidade no nosso cinema, este filme mostra que não é algo impossível. Fiquei bastante impressionada com as cenas de tempestade. Não são lá uma “Brastemp”, mas são muito bem executados.


E você, já foi ao cinema assistir à história da morte de Quincas Berro D’água?

Escrito por Myrianna Coeli