
O poder de uma lenda urbana é algo que pode ser medido perante a influência que a mesma exerce no meio. Em certos casos, o poder supracitado é tão vasto, que pessoas do mundo inteiro se interessam por essas estórias. Com base nesse conceito de influência, o enredo dessa produção consiste numa viagem de três estudantes de cinema, a fim de explorar a tão cultuada lenda da Bruxa de Blair, entretanto, o que é mostrado na tela, são apenas os rolos dos filmes encontrados pela polícia, após o misterioso desaparecimento dos jovens. Partindo de uma premissa que já adianta o suspense que está por vir, os dois diretores trabalham num plano de fundo que é extremamente favorável para o desenrolar do roteiro.
A filmagem amadora contribui mais ainda para o aprimoramento da atmosfera pesada, que já está presente na fotografia envolvida. A naturalidade da mesma é o fator que estreita os laços da produção para com a realidade. O som ambiente funciona como uma trilha sonora orquestrada por um ótimo profissional que sabe muito bem colocá-la no contexto do filme. Juntando esses dois quesítos cinematográficos, fotografia e trilha sonora, recebemos um produto que agrada e espanta o espectador, simultaneamente, a cada movimento brusco da câmera. Fica nítido nessa produção que o cinema não necessita de aperfeiçoamento tecnológico de ponta para satisfazer o seu público.
O roteiro é bem trabalhado e consegue, desde o ínicio, acumular registros que direcionam o espectador ao entendimento do desfecho. O desenvolvimento do argumento é uma gradação dos conflitos psicológicos de cada personagem, que acompanha o ritmo do filme, até o minuto final. Jogando com a psiquê de cada personagem, os diretores criam situações claustrofóbicas que refletem no espectador, mantendo-o preso naquela atmosfera sem respostas e com o olhar atento para cada movimento da imagem fornecida pela câmera amadora no breu da noite, onde o roteiro chega ao ápice da soturnidade.
Combinar certas técnicas é uma tentativa superlativa de se criar algo novo, tomando as devidas proporções do gênero abordado. A Bruxa de Blair, mesmo não sendo um suspense do mesmo nível da obra-prima do M. Night Shyamalan, O Sexto Sentido, produzido no mesmo ano, é uma boa forma de diversão alternativa. Trabalhando a premissa de forma peculiar, o roteiro consegue fazer jus ao que é estipulado em sua sinopse, de forma agradável e interessante para quem assiste. A técnica não está atribuída fundamentalmente à tecnologia, mas sim em boas ideias, caíndo nas mãos certas. Exercendo uma boa direção e conduzindo o filme de forma gradativa, os dois estreantes provam que o gênero não está perdido, mas que são necessários alguns solavancos para colocá-lo em movimento novamente.
Por Luccas Cigoli Frangella
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