Eu sei que deveria escrever uma crônica engraçada para o ‘Minha Vida é um Sitcom’. Mas é mais difícil escrever lá quando a sua vida não tem sido uma sitcom. Além do mais, essa semana aconteceu uma coisa que me deixou intrigado.
Todo mundo sabe o que é espírito de porco, né? Expressão mais que conhecida que, para os mais desavisados, serve para definir aquelas pessoas que têm prazer em encontrar defeitos nas ações feitas pelos outros. Daqueles que provocam esses defeitos também pode se dizer que possuem o tal espírito. A expressão, segundo um livro referenciado na internet, vem de larga tradição judaico-cristã e uma, injusta associação do animal com a sujeira. Os escravos brasileiros, pra terminar de cristalizar a expressão, não queriam matar porcos por acreditar que os espíritos suínos possuíam e atormentavam aqueles que os matavam.
Outra coisa que é tão de conhecimento popular quanto o espírito de porco é o blogueiro piauiense Lucas Celebridade (juro que tentei lembrar o sobrenome dele e não consegui. Preferi não ir buscar na internet e adotar o nome pelo qual ele tenta se ‘celebrizar’ – com o perdão da infâmia). Ele tem se especializado em tentar ser famoso através da internet. Na verdade, aliás, escreve em seu blog como se já o fosse. E acaba se colocando em situações ridículas para chamar atenção para si.
Enquanto escrevia, dei uma passada no blog e vi que, além de mim, outras 16 pessoas estavam por lá naquele momento. O número não é nada mau. A última do Lucas Celebridade foi postar um vídeo. O primeiro episódio do seu vlog. Depois disso, um grupo de blogueiros resolveu iniciar uma campanha para reformar a casa de Lucas. A partir daí, diversos foram os comentários, uns mais, outros menos educados, sobre a intenção deles. Cheguei a ler um tweet que comparava a situação de Lucas com a de meninas prostitutas em Recife. Segundo o autor do piado, ninguém se mobilizava para ajudá-las porque elas não tinham Twitter.
A internet está cheia de gente que, acidentalmente, fez papel ridículo uma vez e, a partir daí, assumiu definitivamente a maquiagem de palhaço. Mas o fenômeno não é digital. Quais as contribuições artístico-culturais de astros do naipe de ET, Rodela ou Marquito? ‘Artistas’ cuja função é/era apenas nos divertir com o ridículo. Lucas Celebridade não é o primeiro a tirar proveito do ridículo. Infelizmente, não será o último. O grupo que tentou ajudá-lo não é o primeiro a sugerir boas ações. Não deve ser o último. E ninguém é obrigado a ajudar.
Todos podemos gostar – ou não – do Lucas Celebridade. Podemos gostar – ou não – dos blogs que resolveram ajudá-lo. Podemos doar e ajudar. Ou achar tudo isso uma baboseira e não entrar na onda. Mas sair por aí cuspindo marimbondos porque um grupo tentou ajudar alguém, é muito espírito de porco.
Por Fernando Palhano
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