'O Último Mestre do Ar'- Parte I: A Última fã de Shyamalan

24.8.10 | comentários: 5

Desisti de tentar fazer disso uma análise “neutra”, embora eu mesma não acredite que exista essa possibilidade. Quando se analisa filmes de diretores já bem conhecidos não tem como não comparar ou esperar mais ou menos baseado em seus trabalhos anteriores. Mas fico triste em constatar que já li muitos textos sobre The Last Airbender- eu prefiro não usar a tradução que fizeram no Brasil, porque ela não tem cabimento - que o comparam com O Sexto Sentido. Não há lógica alguma na comparação de filmes tão diferentes. Acredito que o maior mérito do filme com o Bruce Willis é ter agradado a crítica tanto quanto ao público e isso está bem provado que Shyamalan não conseguirá mais fazer. Acho até que por falta de interesse.

O cinema comercial não deixa muitos espaços para o pensamento. Filmes de ação, lutas coreografadas, épicos sofrem mais com essa exigência do mercado do que dramas e suspenses, por exemplo. Nesse filme, o diretor mais uma vez deixou claro que pouco se importa com o mercado. A história foi seguida fielmente como na animação e eu diria que precisaria de muita coragem para tirar o alívio cômico dela. E ele tirou. E isso teve aspectos negativos, mas positivos também. O lado ruim é que Aang ficou muito sério, mas acredito que a partir do momento que ele se aproxime de Sokka e Katara, o personagem fique mais leve. Isso se o diretor tiver oportunidade de continuar o filme. O humor presente na animação é muito óbvio e tem um sentido lá, mas cinema é outra história. O alívio cômico tem que existir de forma mais sutil. E repito que isso acontecerá naturalmente quando houver maior integração dos personagens.

Acho injusto que falem tão mal do elenco como um todo. Noah Ringer (Aang) fez uma ótima estreia no cinema. Imagino a dificuldade em aprender todas aquelas coreografias e ele realizou muito bem e conseguiu traduzir com o olhar, de forma muito grave, o que o personagem significa para a história. A Nicola Peltz também retratou bem a jovem Katara sempre muito preocupada. Dev Patel é um ótimo ator. E já fez trabalhos suficientes para provar isso, independente desse filme. Os aspectos fracos em relação ao elenco ficam por conta do Jackson Rathbone, que já era muito ruim em Crepúsculo e não imaginei que houvesse melhora nesse filme. Mas acredito que sua presença foi muito mais uma questão de necessidade de um rosto bonito do que outra coisa. Na TV, onde o filme é constantemente anunciado para os mais novos, notem que a chamada diz “O filme do Jasper, de Crepúsculo” e não o filme do astro de “Quem quer ser o milionário?” ou o filme de M. Night Shyamalan.

As lutas são muito bem coreografadas, mas elas são lentas. Não há a velocidade exigida para um filme desse tipo, mas não me fez falta. Elas ficaram mais bonitas e ressaltadas com os ótimos planos sequência. E falo planos sequência mesmo. E não simplesmente longos. Eles tinham uma razão de ser. Não era uma questão de “arrogância cinematográfica”.

Fui assistir ao filme, apesar da boa companhia do meu lado esquerdo, em uma sessão com uns 200 adolescentes. E mesmo com a minha irritação com eles, pude perceber que eles vibraram com duas das principais cenas do filme: a que Aang “dobra” a água com toda a força e cria uma onda gigante no oceano e uma das cenas finais quando todos se curvam para a nova encarnação do Avatar. Eu gostaria muito de ter visto esse filme em 3D, mas principalmente gostaria de ter visto legendado. Ver filme dublado é um castigo. Dou quatro pipas para o filme, tentando superar o problema dublagem, e com certeza grande que sua continuação será ainda melhor.

Leia também os comentários de Fernando Palhano sobre esse filme e descubra porque ele é o bom amigo.