Quando soube que a série é do João Emanuel Carneiro não esperei coisa ruim. Quando descobri que teria o Selton Mello como protagonista, imaginei que só poderia vir coisa boa. Minhas desconfianças de que a série poderia não ser tão boa assim começaram com o tema. Não que eu ache ruim, mas trabalhei cinco anos em um hospital e tenho vinte e sete anos de família espírita. Daí você já pode imaginar. Eu involuntariamente, ou voluntariamente, não tenho certeza, verei tudo na minissérie com olhos bem mais críticos do que eu gostaria.
Passado o primeiro episódio, vi mais aspectos positivos do que negativos. O roteiro foi conduzido de forma inteligente. Conseguimos conhecer vários personagens, alguns interessantes outros demasiadamente estereotipados, e ainda conseguiu focar bastante no protagonista. O suspense é muito bem colocado. Pode-se ver que houve um cuidado em tentar inovar- ao menos diferenciar das telenovelas- na direção de fotografia, com planos mais abertos, por exemplo.
A história é ótima e o conflito psicológico do Dimas, personagem do Selton Mello, é certamente o que vai me fazer assistir todos os episódios. O ator está muito bem e,em poucos takes, conseguimos facilmente observar o medo, o desespero e a culpa que o personagem carregará por um tempo. Contudo, infelizmente, não posso falar bem de todo o elenco. A vizinha fofoqueira é chata que só de ouvir a voz da criatura irrita. A personagem de Andréia Horta vai ser bem importante e, por isso, já começo as minhas preces pra que ela melhore, como aconteceu no seriado Alice, da HBO, em que ela começou muito insegura, mas logo mostrou ser boa atriz e se envolveu muito com o personagem, o deixando bem mais crível.
Andréia Horta e Selton Mello
Meus problemas espíritas com a série: assim... até onde eu sei não precisa cortar nada pra fazer cirurgia espírita. Tudo é feito no perispírito, que é uma espécie de invólucro do corpo humano, uma substância gasosa, como consta no Livro dos Espíritos. E todas as cirurgias espíritas que ouvi falar, vi e li são feitas de forma que quase não é necessário tocar o corpo. Nota-se os efeitos depois, mas nunca escutei falar de espírita sério que dissesse que teria que usar bisturi para poder operar alguém e vem daí minhas desconfianças de A Cura. E fiquei com medo de ter toda aquela exagero presente em A Viagem.
Por fim, a parte hospitalar ainda não é nenhuma House, mas ao menos estão tentando. Uma coisa ficou igual e eu não entendo o porquê. Toda sala de cirurgia é escura. Seja em E.R., House, Trauma, A Cura... Seja lá onde for, as salas são sempre escuras e se eu fosse cirurgiã teria que operar em braile nessas circunstâncias. =P Mas não sou, mas falo como paciente que visitou vários centros cirúrgicos e, posso garantir: não há lugar mais claro e branco em um hospital. Chega a doer o olho. Mesmo com esses meus probleminhas, diria que até bobos já que trata-se de uma ficção, eu espero muita coisa boa ainda dessa minissérie.
Troféu Suzana Vieira* vai para a cena da gritaria da mãe do amigo de Dimas que morreu. A mulher surgiu sei lá de onde, depois tem a mãe do Dimas que pede pra ele não ir embora, sendo que naquele momento eu nem sabia que ele iria a qualquer lugar, tendo em vista que ele só tinha andando uns dois passos. E o troféu Raul Cortez* vai João Emanuel Carneiro, o melhor roteirista da Globo.
P.S.: Não sou, nem pretendo ser, qualquer autoridade espírita. Tenho certeza que não li o suficiente para defender ou criticar a forma como o lado espírita está sendo usado na minissérie, contudo, coloquei apenas como a discrepância do que foi me ensinado para o que é mostrado em A Cura me trouxe preconceitos.
* Troféus, Troféis ou Trofé$- aqui quem decide o português é você- Suzana Vieira e Raul Cortez são nossos prêmios para os melhores e piores momentos nos seriados.
Por Taty Macoli
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